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sexta-feira, maio 28, 2004

PARA A ANA

"Hoje estou pensando que ter amado meio torto durante tanto tempo talvez esteja me conduzindo a algo mais claro? É uma dúvida que te coloco. E sinto coisas tão boas, Luciano, ondas de energia clara que me sobem kundalini acima- e então penso que está certo assim, na nossa sede infinita (Drummond) acreditar e levar porrada mas voltar a acreditar e cair do cavalo e não deixar de acreditar e se desenganar e arrebentar, mas continuar acreditando que, de alguma forma, há uma resposta de humano para humano. E que amar o humano do outro é aceitar o teu próprio humano (...)"

"Na minha lápide, quero alguma coisa mais ou menos assim: 'Caio F.- que muito amou'. And that's it"

Caio Fernando Abreu (1948-1996)
acicatar dos cães pelos quintais
ladradelas dos cães
descablabro

domingo, maio 23, 2004

A câmara de Gus Van Sant prefere ser asséptica. Os cortes são raros e não há tremores ao estilo MTV. A lente cola de tal forma no cotidiano desses estudantes que se cria com o espectador uma cumplicidade incômoda.

Aristeu Araújo

http://www.educacaopublica.rj.gov.br/cultura/critica/texto.asp?codt=74
Van Sant sabe que os jovens norte-americanos fazem parte de um mundo próprio, com uma cultura própria e um modo diferente de perceber o mundo. Por isso, antes de tentar entendê-los, ele os filma de maneira quase antropológica, como se eles fossem "índios" de alguma espécie remota. E é dessa sutileza, dessa neutralidade, dessa discrição que nasce a genialidade do filme.
(...)
"Elefante" mostra os sintomas de um trauma, mas não tenta adivinhar suas causas. (...) ele recupera a tradição da busca, do olhar humilde que apenas observa e nada tenta adivinhar ou deduzir. (...) Entender para quê? Há razões que a própria razão desconhece.


Fabio Camarneiro
http://www2.anhembi.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=10081&sid=70

quinta-feira, maio 20, 2004

EXISTE UMA COISA NOVA, PRA LÁ DO INCONSCIENTE, QUE MOSTRA A MORDIDA AZUL. APROVEITE


segunda-feira, maio 17, 2004


deus me livre de mim, ele pensou então. mas não havia como desgrudar-se. era triste.

entretanto devia sempre a si mesmo uma posição. ou uma oposição. assim: então ficava automático e alegre, que era ótimo.

buscava uma auto-crítica saudável; mas em silêncio via-se quase neurótico. talvez ele fosse só.

descobria inclusive que saudável era a puta que te pariu.
a alma humana que se encobre de gestos e palavras,
falida,
sorrindo simpática e ocasionalmente:
ninguém é saudável mesmo

a pessoa tem os seus augúrios e sozinha se despe e dói e ninguém fica sabendo e pronto.

viver era assim. e ser fático, ser fático era uma maravilha de ocasionalidade. como a roupa que vestimos e achamos tão bonito.
entretanto, convenhamos, não há como vesti-la eternamente.

tem depois. depois.
para ele sempre chegava depois:

tic, sozinho
e tac

Mas pensava muito sobre a sociedade: Penicilina, design e odontologia. até as pessoas se esquecerem do cocô que expelem, enquanto corre o sangue - na ânsia da limpeza.

- eu quero me lembrar de ser doente.

Anotou:

- é tão importante estar doente, às vezes.

então se sentiu mudo e chorou. sorriu e citou Cartola:

- de cada amor tu herdarás só um cinismo

e mais um instante e mais um instante e dois instantes que podem ser chamados de SEGUNDO - ele tornava-se amarguíssimo. Tinha ódio, como Macunaíma.

e o relógio seguia - ou voltava ? - e lembrava-se das graças de Macunaíma. Macunaíma era tão nervoso e feliz. achava graça no herói.


Olhou o homem ao seu lado. Salas de espera são tão inesperadas. O homem olhava em sua direção há muito. Era paquera.

Apesar do seu carente desejo sexual, sua própria condição, apressou-se.

- Com licença. Abra a porta por favor ?

saiu. quis chamar o moço de "meus cuidados", mas teve medo de ser mal-interpretado. certamente o seria. riu de novo então. Ele, gay, empolgadíssimo com os palavrórios de Mário de A., e o outro, gay, observando. Pois sim !

ele e o mundo, tão equivocados

foi tomar suco de laranja no bar.
por pouco não pede cerveja

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