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quinta-feira, abril 29, 2004

(no news from Claudia)


violência é um palavra bonita, por si só. bonita na medida em que eu a falo
e ela não me violenta

au au

um cachorro
um cachorro chamado Raciocínio.


terça-feira, abril 27, 2004

(sunday morning)

Merry Strawberry went to the park

but she had no news from Claudia.


sexta-feira, abril 16, 2004

Era 3. era 4. era 5. 6. 6. seis. Você agüenta ?

7 era o despertador.

e eram mais quarenta estirados no lençol, enrolados na cama, sem contar com ele.

até ele se assentar em minutos.
levantar e. vagando parar e um espreguiço.
e mais um pouco, espera só mais um pouco
baço
olhar a mesa. olhar a mesa por três.
abrir o armário, olhar as comidas.
pensar comidas oferecidas em ritual no século 2 a.C.
para o imperador Alexandrino
sobre superfície de vidro madeira plástico
a pia. a área. príncipe.

Com o cuidado não tomar café. não gastar energia com digestão. o estudo urge, afinal, com água e lápis, régua e marcador.

Mas o interfone. ay meu deus, o interfone. indicretíssimo a entrar na casa da gente.

- oi.
- gás.
- não.


às vezes se começa o dia negando e isso é na medida certa para uma desordem incrível. mas à essa altura ele não sabe. o desencadeamento é mudo. o acaso é valioso e atira a primeira pedra. não se deve crer; do jeito que a vida anda, no final acaba-se atribuíndo. contar caso é difícil demais. contar o que passou é uma verdade que já se destruiu. coitados dos jornalistas. o ser humano não é eloquente. não adianta gostar de mesa de bar. sempre chega o momento.
a vez do tic, sozinho.
e tac.

não adianta ser possesso, também. com seres humanos não há impunidade.



é por isso que ele vai experimentar o que já acaba no interfone.

----- e que começa por uma SEQUÊNCIA ACESA em ânimo que sempre novo: contínuos términos e fins que se entrelaçam em inícios e revelam o alento infernal de uma suscessão. como os pontos finais de um texto. como as marylins de wahrol. como algo que finge estar por dizer, enfim.

Para isto, recomeçaremos do começo.

PEEEEEE
- oi.
- gás.
- não.


PEEEEEEE
- oi.
- ôôô Carol ! cê num desce com a garrafa não, que a vanilda já vai lá com a carne...
- é no 804.
- ai, desculpa moço !!! bom dia !
- para você também !

PEEE
- oi.
- é... é carta pra Luciana Alvarenga, tem que descer pra assinar.



- ô moço, precisa da sua carteira de identidade.
- ai, espera aí vou lá buscar




- aqui.
- obrigado.

TRRIIIIIMMMM
- alô.
- Credicard, por favor, poderia falar com a Sra. Luciana Alvarenga ?
- ela viajou.
- Por favor, quando é que eu poderia estar falando com ela sr. ?
- Não sei.
- Quando ela estará presente sr. ?
- Hiii, demora.
- Credicard agradece tenha um bom dia sr.

TRIIIMMMMMM
- Bom dia. Eu gostaria de por favor falar com a Sra. Luciana Alvarenga ?
- Ela não está.
- Somos do Centro de Recuperação de Toxicômanos Cristo Sofredor, gostariamos de nos comunicar com a Sra Luciana Alvarenga, você por favor é um membro resposável da casa ou existe algum presente no momento ?
- Não.

PEEEEEEEEEEEE
- Chuchu, desce aqui que é pra deixar a caixa.

- oi.
- oi, tudo bom
- vai com cuidado que quebra !!!! é da Ioguslávia hen ! cristal tcheco hen !
- tá bom.
- eu ligo ! tchau.
- tchau.


TRIIIIMMMMMMM
- Sumaya modas ?
- é engano.
- engano ? aí é 2222222 ?
- é.
- mas esse é o número que eu tenho, filho...Não é Sumaya modas ?
- Não.

TRIIIIIIMMMMMMM
- alô.
- Quérido !
- Ooi !
- Tá a fim de sair com a gente agora ?! Ir no cinema
- ah, tô estudando...
- Ah, não ! vem !
- onde é que é ?
- lá no horto.
- como é que cê vai ?
- com ele, né. e nem rola de te buscar aí, não. trânsito infernal.
- é longe demais.
- Ai, é... mais vai chuchu... quero muito que você vá
- eu num vô não
- Ai, quero muito que você vá ! Qualquer coisa me liga, tá ?!
- Tá.
- Beijão.
- Beijão.


PEEEEEEEEEEPEEEEEEEEEE
- oi.
- .............
- oi.
- ............
- oi.


PEEEEEEEEEEE
- alô
- é da prefeitura, esquadrão de prevenção da dengue.
- você pode chegar na porta da garagem um minutinho ?
- posso.
- obrigado.


TSCHAKTEK

DINDOMMM...
- Oi. Com licença. Tenho que ver todos os vasos, todas as planta... O seu box costuma ficar molhado ? Tem que dar uma olhadinha também no banheiro.
- Dengue é um perigo.


TRIMMMMMMM
- alô.
- Credicard, por favor, poderia falar com a Sra. Luciana Alvarenga ?
- ela não mora mais aqui.
- Por favor, o sr. tem notícia de telefone no qual eu poderia estar me comunicando com ela sr. ?
- Ela mudou já faz muito tempo. Não sei não.
- Credicard agradece tenha uma boa noite sr.

segunda-feira, abril 05, 2004

a moteis baratos eles costumavam ir. aqueles com escadas que se torciam sobre elas mesmas e uma recepcionista que lia a biblia atras da grade da recepçao. e que invariavelmente estavam com o elevador estragado, ou nem tinham elevador. e o cafe da manha era servido com frutas compradas no camelo da esquina. peras estranhas, ou bananas (sic). a cama fixa no chao, alguns com o indefectivel espelho no teto, os chinelinhos descartaveis e o sabonete pequeno de erva doce. nao era mais possivel sentir o cheiro em alguem e nao lancar um olhar cumplice para o outro. eles iam a moteis baratos. moteis que um outro amigo nao podia frequentar porque estava acompanhado de outro homem e isso "iria denegrir a imagem do lugar', ao que o amigo, gargalhando, bebado, as 4 da manha, apontou as putas que faziam fila no corredor e perguntou se aquilo entao. quando acordavam era sempre quarta feira e ja havia pessoas na rua, pessoas ocupadas, maes com filhos ranhentos (teriam sido feitos os filhos nas camas dos moteis baratos ou nas camas de compensado compradas a prestacao numa grande loja de moveis populares?), vendedores com suas barracas montadas sobre os passeios que a noite estavam cobertos de papel e silencio escuro, office boys e seus envelopes pardos e gastos, senhoras dirigindo-se a algum armarinho em busca de linha para croche. acordavam e tomavam banho com os chinelinhos descartaveis, o que nao fazia muita diferenca porque pisavam com os pes nus no chao quando voltavam pra cama - a ultima meia horta antes de vencer o prazo do pernoite - o chao do quarto que quantos teriam pisado com os sapatos sujos e muito menos amor do que eles, que iam a moteis baratos durante a semana sempre que era possivel, e subiam as escadas que se torciam sobre eles mesmos e encaravam com um pouco de ternura vazando a recepcionista de unhas vermelhas e longas e que lia a biblia e subiam novamente as escadas e se trancavam no quarto barato e triste mas com tanto, tanto amor, que nao era sordido nem asqueroso como tinha sido algumas vezes para ela e nem insignificante e fisiologico como tinha sido outras vezes para ele, mas era puro e limpo como deveria ser - e nao era- o branco dos lencois e da fronha do travesseiro.

sexta-feira, abril 02, 2004

“(...) a mídia intensifica os sonhos narcísicos de fama e glória, encoraja o homem comum a identificar-se com as estrelas e a odiar o rebanho. Com isso, fica cada vez mais difícil para ele aceitar a banalidade da existência cotidiana.”
C. Larsch in A cultura do narcisismo.


"Trata-se de um mundo centrado no Eu, na individualidade, sendo ao mesmo tempo, cultuador de imagens, em sua maioria fictícias. A finalidade da existência do sujeito é a incansável busca pela estetização de si mesmo. O narcisista somente consegue superar a sua insegurança quando vê o seu Eu refletido nas atenções das pessoas."(sic)
L. F. Miranda de Oliveira

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