<$BlogRSDUrl$>

domingo, fevereiro 29, 2004

viver sem palavras, assim.

quentinho como um papel amassado.

quarta-feira, fevereiro 11, 2004

(...) não quero o expressivo. Quero o inexpressivo. Quero o inumano dentro da pessoa; não, não é perigoso, pois de qualquer modo a pessoa é humana, não é preciso lutar por isso: querer ser humano me soa bonito demais.

Quero o material das coisas. A humanidade está ensopada de humanização, como se fosse preciso; e essa falsa humanização impede o homem e impede a sua humanidade. Existe uma coisa que é mais ampla, mais surda, mais funda, menos boa, menos ruim, menos bonita. Embora também essa coisa corra o perigo de, em nossas mãos grossas, vir a se transformar em "pureza", nossas mãos que são grossas e cheias de palavras.

Nossas mãos que são grossas e cheias de palavras.




- Aguenta eu te dizer que Deus não é bonito. E isto porque Ele não é nem um resultado nem uma conclusão, e tudo o que a gente acha bonito é às vezes apenas porque já está concluído. Mas o que hoje é feio será daqui a séculos visto como beleza, porque terá completado um de seus movimentos.

Eu não quero mais o movimento completado que na verdade nunca se completa, e nós é que por desejo completamos; não quero mais usufruir da facilidade de gostar de uma coisa só porque, estando ela aparentemente completada, não me assusta mais, e então é falsamente minha - eu, devoradora que era das belezas.

Não quero a beleza, quero a identidade. A beleza seria um acréscimo, e agora vou ter que dispensá-la.


Clarice Lispector, in A Paixão segundo G.H.

quinta-feira, fevereiro 05, 2004



Marcélia Catarxo e Lázaro Ramos estão simplesmente estupendos no filme. Todos os atores, aliás. vale a pena ver aas esntrevistas em www.madame.com.br
Olha só que interessantes esses trechos de uma crítica estadunidense do Madame


Madame Satã contains a scene from the 1935 Josephine Baker film Princess Tam Tam in which Baker throws off her pumps and they hit a stiff-looking old white man in the face; Ainouz is aiming for a similar effect. Hustler, murderer, and queen are just three of the labels alternately modeled and discarded by dos Santos, known simply as João (Lázaro Ramos) in the film.
(...)
Just as Candy Darling and Holly Woodlawn inspired Lou Reed to pen "Walk on the Wild Side", Madame Satã was treated to a song ("Mulato Bamba") by composer Noel Rosa.
(...)
It's almost always nighttime in Madame Satã, street noise is ever present, and songs spill from one scene and room into another.
(...)
One angry exchange between a washed-up cabaret singer and João – "The nigger's gone crazy!"; "No, Madame, he hasn't!" – illustrates that his violent anger is a sane reaction against double-edged prejudices that never fail to erase some parts of his identity while singling out one aspect for abuse. Having apprenticed under Todd Haynes on Poison, Ainouz is similarly suspicious of biographic linearity and folkloric definitions, and though convinced of dos Santos's importance, he isn't concerned with making him likable. But in denying the built-in restrictions of various storytelling forms, Ainouz winds up providing a brief glimpse of a long, full life. Madame Satã is a unique series of snapshots in motion, but it could have been so much more.

fonte: http://www.sfbg.com/37/41/art_film_carnival.html





Foi há pouco mais de dez anos que o diretor do filme [Madame Satã] Karim Ainouz descobriu o personagem, ao ler sua biografia publicada num volume da coleção "Encanto Radical", em um texto de Rogério Durst. Pesquisou muito - no Arquivo Nacional -, foi ao Nordeste, onde ele nasceu, visitou o túmulo de sua mãe. Queria entender essa figura a quem Noel Rosa, segundo reza a tradição, dedicou o samba Mulato Bamba. De toda a sua pesquisa deduziu que Madame Satã era um mitômano. "Construiu uma persona para si mesmo e ainda fez com que todo o meio no qual se inseria participasse do mito." - revela o diretor...

fonte: http://www.mood.com.br/3a13/sata.asp



Mulato bamba - Noel Rosa

Este mulato forte é do Salgueiro
Passear no tintureiro era o seu esporte
Já nasceu com sorte
E desde pirralho vive à custa do baralho
Nunca viu trabalho

E quando tira samba é novidade
Quer no morro ou na cidade, ele sempre foi o bamba
As morenas do lugar vivem a se lamentar
Por saber que ele não quer
Se apaixonar por mulher

O mulato é de fato
E sabe fazer frente a qualquer valente
Mas não quer saber de fita
Nem com mulher bonita

Sei que ele anda agora aborrecido
Porque vive perseguido sempre a toda hora
Ele vai-se embora
Para se livrar do feitiço e do azar
Das morenas de lá

Eu sei que o morro inteiro vai sentir
Quando o mulato partir dando adeus para o Salgueiro
As morenas vão chorar, vão pedir pra ele voltar
Ele então diz com desdém:
''Quem tudo quer, nada tem!''



quarta-feira, fevereiro 04, 2004

a hilda hilst morreu hoje

domingo, fevereiro 01, 2004


This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Powered by TagBoard Message Board
Name

URL or Email

Messages(smilies)