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sexta-feira, janeiro 30, 2004



domingo, janeiro 25, 2004

Não sei. Mas me parece que se fiz foi porque deveria ser feito. Deveria ser feito para eu aprender. Não sei porque, mas me sinto bem. Muito. Minto. Sei, sei perfeitamente o porquê. Sou um doente, agora. sinto uma maior vontade de viver. Doente. Não é doença dessas que se pega ao sereno, por descuido ou falta de vitamina. Sou rapaz de família e disponho de certo amparo, daquela assepsia involuntariamente arrogante de classe média - que me permite preocupações importantes como as minhas idas regulares ao dentista, ao homeopata, ao alopata, e às compras de roupas das quais não necessito. Conclui-se daí que tenho muitos agasalhos, e que a doença não se determina por falta de instrução, muito menos por determinações biológicas. A doença, senhores, veio de um ato. Que começou quando eu decidi que consideraria cada sombra de falta de consciência na minha cabecinha humana. A primeira etapa, então, começou pelo excesso: uma profusão de escuros, de reflexões que pareciam mais de pessoas que não eu, que odeio, uma abundância de jogos sentimentais que não respondiam à minha própria angústia e que eu procurava, eu errante. A segunda etapa veio pelo enorme ódio de conviver comigo. Ódio que era na maior parte das vezes preguiça (não credibilizem muito o texto, que ele é feito com as palavras, palavras que vêm de mim e que não são expressão de forma alguma, são excreção dessa vivência roxa, sequida, de formas fundamentais para a minha própria falência, e meu encontro com vestígios, rastros, esboços). Aí eu descobri, fitem bem, senhores, descobri que eu sou um Fulano. Um Fulano Cliclano de Tal. E que as letras maiúsculas não me servem porra nenhuma. A porra aliás sai do pênis, que não me serve de nada; pênis que aliás urina e deixa no vaso de louça branca a coloração do amarelo líquido e transparente. Eu sou uma urina. preciso de uma descarga há anos, desde que eu nasci e era muito saudável. A descarga não é ideológica, senhores. Me abstenho de comentários sobre heróis. Me abstenho também de qualquer tipo de consideração sobre o feminismo. A descarga é pequena e se faz com um dedo, num momento que não é especial. A coisa é imediata, mas não é aí que reside. feita a descarga, você não lava a mão. e se precisar chorar pode, e murmurar nojo, ou telefonar para o amigo. pode. Afinal você não tem nada com isso. Esse meu corpo; não é este meu corpo. Ele não sabe mais onde está. Às veses desiste. prestes a desistir. ele não sabe mais onde eu estou. eu não sei mais onde ele está. eu não sei mas onde ele está. ele não sabe mas onde eu estou ! Ai !!! Não é que esteja agindo certo, agora: isso jamais. a doença do ente, senhores, é sempre estar procurando (in)cansavelmente. procurando o certo

jeitinho de se safar
pronto para morrer
bem porque
a vida é
a possibilidade da morte
(e morrer é não mais
poder morrer)
doente doente doente

então eu fiz o que eu fiz. eu cometi um ato que parecia maldade. e a "vítima" realmente alega ter sido violentada. pelo menos não foi violência física.
Escutando

Vicente Celestino - "Noite cheia de estrelas"
Mário Reis/Noel Rosa - "Mulato Bamba"
Ismael Silva/Nilton Bastos - "Se você jurar"
Simon and Garfunkel - "The boxer"




eu não sei o que é ser uma pessoa, mas às vezes eu tenho uma idéia e fico tão comovido
Eu, eu mesmo e minha pílula de e A cessível Ex cessível
"Colada à tua boca a minha desordem" Hilda Hilst
comentário de conteúdo apaixonado ____ quem me dera. estou virando uma pedra cada dia mais dura, impenetrável e pesada. eu todo, uma pedra: porque o tal do coração já é rochoso há não sei quanto. tomara que me joguem no mar. lá é mais fundo.

quarta-feira, janeiro 21, 2004

ultimamente venho gozando de um foda-se sutilíssimo
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as coisas da vida pra mim são uma doçura de não aguento mais e chega

domingo, janeiro 18, 2004



Soy Infeliz - Lola Beltrán
onicófago herr Visnadi muchas gracias

quinta-feira, janeiro 01, 2004

o meu pescoço dói. parece que tem uma aura de torcicolo em volta de mim e é horrível e sufocante. eu me sento para ler eu me sento ao computador e em um segundo não aguento mais. é só um segundo e eu não aguento mais. não aguento o próximo pensamento. não aguento a próxima frase. a próxima camada de ar que enche um pedacinho do pulmão. você, e eu não aguento você. vai simples assim. Entretanto além dessa dor esquisita que mais se assemelha a castigo espiritual eu encontro uma ternura natural que não se diferencia das coisas do mundo. bem natural, pois há muito não sinto quase nada porque sou amargo e me engano o tempo todo. é engraçado como os sentimentos nos ultrapassam. é bom. Assim: eu agora neste segundo não te suporto mais, e também te abraço com meu coração acolchoado. e tudo acontecendo sem nenhuma palavra. porque afinal pescoço e coração não falam mesmo. Não sei porque as pessoas acreditam tanto que são alguém. essa coisa de identidade é tão involuntária e depende tanto daquilo que ultrapassa.

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